segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O PODER E O AZAR DA "CANETA"

Em toda administração o governante tem o poder de nomear. Ele tem “a caneta”.

Azar daquele que não souber usar este poder porque ele gera satisfações, mas na maioria das vezes cria descontentamentos, pois assim como ele pode escolher, também terá que excluir e as exclusões serão sempre em número maior do que as escolhas.

Os governantes, quase sempre, cometem o erro de nomear seus amigos ou aliados, que se sentirão poderosos, pois foram o escolhido entre tantos pretendentes. Geralmente estas escolhas pecam pela falta de especialização e competência e primam pela amizade ou pelo interesse político. Os que foram excluídos se sentirão injustiçados ou até mesmo desvalorizados. Talvez até a oferta de um outro cargo, diferente daquele que era desejado possa ser aceita mas não vai apagar a decepção.

Os cargos sempre são em quantidades menores do que os interessados. Logo, os escolhidos, sendo em número menor que os interessados, serão em número menor e a escolha causará muito mais tristeza que alegrias e os não escolhidos se sentirão esquecidos pelo político a quem apoiavam.Outro detalhe a ser avaliado é que o cargo que foi disputado acaba tendo um “custo” elevado ao governante pela sua ocupação. Seus aliados e seus amigos vão lhe cobrar. O nomeado será sempre lembrado como símbolo de negociações políticas.

Neste tipo de ação perde-se amigos, criam-se intrigas, algumas pessoas se sentirão ofendidas e novas dívidas políticas foram contraídas. O nomeado, que geralmente se transforma em ingrato, chega a este sentimento por questões de insegurança no cargo.

Isto se explica porque ele sabe do esforço de seu chefe para nomeá-lo e também porque estará sempre cercado por rivais pretendentes ao seu cargo, invejosos de seu salário e de sua proximidade com o chefe. Para diminuir esta sua insegurança ele busca apoios fora da área interna, longe de seu chefe. Então procura apoio de pessoas externas ao seu trabalho, mas que tenham influência sobre seu chefe. Um erro, pois quando busca pessoas para influenciar seu chefe no sentido de melhorar sua posição e acaba gerando desconfianças e será visto como um ingrato.

O político acaba de vencer uma eleição. É só alegria. Mas esta alegria dura pouco, pois logo ele entra na fase de composição de seu governo e das nomeações. Agora há o choque entre seus escrúpulos e o desejo de não se incompatibilizar com seus parceiros políticos. Quem vence uma eleição sempre tem “mais” amigos do que o que perdeu. O problema está em conhecer todos seus “amigos”. Muitas vezes o político poderá se equivocar em sua avaliação e nomear uma “encrenca” e logo adiante ter que demitir. Uma ação dolorosa, que sempre traz problemas. Amigos geralmente tem seus projetos pessoais, seus negócios, que não coincidem com os interesses políticos do governante, além disto, o governante terá que ter uma dose extra de paciência e tolerância com seus erros, coisa que não acontece quando o critério de escolha seja pela qualificação profissional.

E pode estar certo. Na maioria das vezes seu escolhido acha que você só fez a obrigação pois devia a ele isto, e com o tempo ele acaba se transformando em inimigo oculto. Veja este absurdo. Ele começa a pensar que você o nomeou porque era seu amigo, não porque ele merecia. E aí começa um “Pega e estica” sem fim. As desconfianças vão surgindo. Você tem um gesto de amizade e ele entende aquilo como gesto de gratidão, o que acaba atingindo sua auto-estima.

Pode lhe parecer estranho, até paradoxo, mas uma situação real tem que ser observada com atenção. Você não tem tantos amigos quanto pensa ou imagina. E poucos deles lhe são realmente fiéis. Nestes poucos é que você deverá depositar sua confiança. Os falsos “amigos” poderão vir a ser traidores muitos mais rápido do que você possa imaginar. Por isto, governe com aqueles que lhe demonstrem ser capazes. Sejam ou não seus amigos. E não se deixe levar pela pertubação que possa causar. Para seu sucesso, governe com os competentes. Deixe seus amigos para os momentos de amizade. Mas lembre-se: Muitos competentes e capazes podem estar entre seus próprios amigos. Questão de “olho clínico”.



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