A BIPOLARIDADE POLÍTICA.

Maquiavel, em O Príncipe, citava: “ O Príncipe deve ser uma raposa para reconhecer as armadilhas e um leão para assustar os lobos.

Enquanto Maquiavel defendia o uso da lei ou da força e esta força era literal, na política pode-se usar este termo de forma mais democrática. Pode-se, então, pensar em força política. Maquiavel, se levado ao pé da letra, pode ser um mau exemplo ao político, levando ele ao tiranismo, porém, poderá aprender muito com este famoso autor. Há que se ler e transportar seus pensamentos e sua filosofia para os tempos modernos.

Todo bom político sabe os riscos e perigos que tem a enfrentar, seja em campanha ou já no exercício de seu mandato. As armadilhas e os ataques que serão preparados pela oposição e mesmo pelos problemas naturais afetos ao exercício do cargo. É neste momento que o político veste literalmente duas fantasias hipotéticas. Para enfrentar as armadilhas usará a astúcia da raposa e para os ataques, usará a força e coragem de um leão.

É comum ouvirmos alguém dizer que determinado político é uma raposa, referindo-se à sua esperteza ou que certo político é um leão, quando querem se referir à sua força e coragem quando na batalha política. Mas é muito difícil se ouvir que um político seja uma raposa e um leão. Até para o próprio político seria difícil uma personalidade com estes traços. Ele seria reconhecido como um bipolar. Mas não é impossível, claro.

Quando o político reconhece sua fraqueza, recorre à astúcia para vencer. Contrariamente, o político forte poderá ser visto como um bronco, simplório e carente de muita inteligência. Mas o grande Maquiavel aconselha que um bom líder tenha estas duas características. Poucos foram os líderes que conseguiram ter, e conviver, com estas duas personalidades em um mesmo corpo e mente. Os que conseguiram entraram para a história. O filósofo político tinha suas razões, pois na política, seja no exercício de um cargo parlamentar ou no de um governo, ou até mesmo na direção de um partido político, a astúcia sempre se fará necessária para a sobrevivência do político, mas o jogo da política eleitoral é diferente, pois apresenta-se como um jogo onde impera a força, a coragem.

Durante sua vivência política estas duas coisas se misturam e terá que usar a força política dentro de seu mandado executivo e ao mesmo tempo, deverá tratar seus adversários políticos com extrema astúcia e não deixar que percebam este comportamento. Existem várias interpretações para este pensamento de Maquiavel. Para nós, brasileiros, a que mais marca é a tradicional: Se não for por amor, vai pela força!

Este pensamento, transportado para o ambiente político significa que o político deve usar a astúcia e a lei e quando necessário, usará sua força política. Assim se mostrará um líder, realmente. Será uma raposa e um leão, sem jamais ser um tirano.