terça-feira, 13 de setembro de 2011

EU MINTO, VOCÊ EXPLICA !

Palavras de Dilma, no Estadão de 11/09-B2-Coluna Opinião:

“Não vamos permitir ataques às nossas indústrias e aos nossos empregos e não vamos permitir jamais que artigos estrangeiros venham concorrer, de forma desleal, com nossos produtos”

Muito bom. É isto aí Dona Dilma. Durona mesmo !

Aí leio no mesmo jornal, na pagina 3 (B-3) – Dificuldades levam empresas a produzir em outros países. Em Agosto, p.p. ,a empresa Paquetá Calçados, com 66 anos de mercado, transferiu sua fábrica de Sapiranga, R.G. do Sul, para a República Dominicana, demitindo seus 1.400 funcionários. Leio também que a Vulcabrás/Azaléia também fechou sua unidade de Parobé, R. G. do Sul, demitindo seus 800 funcionários e também anunciou demissões na unidade de Itapetinga, Bahia. Vai produzir na Índia.
Leio nesta mesma página que os importados derrubaram o índice de capacidade instalada da indústria nacional para 83,6 %, quando em 2008 estava em 87 %.

Como se pode ver, os fatos vão contra a manifestação de nossa Presidente. Parece, pelas suas colocações, que governa para platéia.

No Estadão de 10-09 – Economia-B6, o próprio Ministro do Trabalho, Carlos Lupi, confirma que o país não conseguirá cumprir a meta de criar mais de 3 milhões de empregos formais. Olha aí a confirmação de que os empregos estão indo pelo ralo, melhor, estão sendo exportados.

E porque uma empresa brasileira tão tradicional como a Vulcabras/Azaléia iria produzir tão longe seus produtos ? Ou porque a Paquetá Calçados, que tem 7 fábricas e 237 lojas iria para a desconhecida República Dominicana ?
A República Dominicana tem acordo de Livre Comércio com os EUA. O Brasil, até hoje, não quer tratar deste assunto com os americanos. Lembram da Alca ?

A carga tributaria naquele país é menos que a metade da do Brasil e a mão de obra muito barata. Os encargos trabalhistas não atingem nem metade dos que “matam” empregos no Brasil. Os mesmos motivos levaram a Vulcabras/Azaleia para a Índia.

Muitos setores produtivos já chegaram à conclusão que fica mais barato importar produtos prontos de outros países à terem que fabricar no Brasil, com todos os custos e problemas que nossa economia apresenta. Um automóvel , produzido na China, mesmo pagando 35 % de Imposto de Importação, Frete, e todos os custos que se impõem aos produtos importados, pagando o IPI, como se o carro fora produzido aqui, e pagando o ICMS pela comercialização, ainda concorre com nossos modelos nacionais, que já estão, novamente, se transformando em “carroças”, como diria Collor. Basta ver a qualidade dos carros importados, principalmente os coreanos. Motivo disto ? Uma carga tributária imensa, que em cascata vai corroendo a produtividade da indústria, uma Legislação Trabalhista leonina que tributa um emprego em mais de 100 % sobre o valor do salário do trabalhador.

Aí leio no Estadão de 11-09, Economia-B2, declarações do Secretário Executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, que sugere para empresas produzirem mais para a exportação e que reduzam a terceirização. Dizia isto em resposta aos empresários que reclamam da desoneração que o Governo criou para a Folha de Pagamento visando ajudar as empresas.

Ora, o Governo deu com uma mão e tirou com duas. Para os setores de móveis, calçados, confecções e vestuário, e informática, o Governo retirou da Folha de Pagamento os 20 % da contribuição patronal ao INSS. Viva ! que beleza. Agora o custo de mão-de-obra vai cair 20 % ? Nem tanto ! Com as outras duas mãos o Governo criou um novo imposto para estas empresas. 1,5% sobre o faturamento e 2,5 % para as empresas de tecnologia.

Mirou na perdiz e acertou no cachorro ! Muitas empresas, para fugir da leonina Legislação Trabalhista , e seus custos, optaram pela terceirização de mão-de-obra, principalmente nos períodos de maior demanda e sazonais. E estas empresas, prestadoras de mão-de-obra não entram naquela desoneração. Logo, os custos das empresas produtoras continuarão altos e ainda terão a tributação daquele imposto sobre o faturamento.

O Governo, para ajudar o doente, deu o remédio e o veneno juntos. É fácil fazer cortesia com o chapéu alheio. Porque o governo não retira uma parte, digamos, 50 % do Imposto de Renda Sobre o Lucro destas empresas ? Porque o Governo não retira todas as taxas de exportações ? Porque o Governo não retira todos os impostos de exportações ? Com isto poderia, sim, aliviar os custos para a exportação e dar competitividade à indústria brasileira.

Porque o Governo não revê nossa Legislação Trabalhista, tomando como base as de países como China, Índia, Coreia e outros que tanto nos incomodam com seus produtos e preços ? Porque o Brasil não revê sua posição em relação à ALCA. E porque o Governo não busca uma solução para O dólar ? Com cambio defasado a R$ 1,60/1,70 fica realmente muito mais barato importar qualquer coisa. Logo estaremos importando arroz , feijão, carne, frango,óleo de soja, café e açúcar. Olha lá se não importamos também papel higiênico. Ainda se fosse possível exportar merda até que a troca poderia ser interessante, mas ainda não chegamos a este ponto.

Aí o Secretario tenta argumentar que assim as indústrias iriam “desterceirizar” suas produções. Com esta atual Legislação Trabalhista isto não vai acontecer nunca. Lembrando que a terceirização faz cair os níveis salariais. Uma Indústria paga, p.ex. Um mil reais de salário para um empregado terceirizado. Quanto na verdade ele irá receber ? Talvez uns 500 mil reais, quando muito, além da instabilidade, pois a maioria das indústrias só contrata quando precisa.

E aí veio esta pérola do Secretário, só para encerrar este comentário: “ Também ficam no “zero a zero” empresas que fabricam e vendem produtos”
Ora Secretário, toda empresa fabrica e vende. Ou o senhor acha que tem empresa que fabrica e doa ?

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