Vejo no jornal Diálogo desta semana, página 7, a matéria sob o título “Imagem da Semana”. Ali está a foto de um cidadão dormindo no chão, sobre trapos, ao lado de um banco da praça.
Pode até parecer uma falha da administração pública mas devemos mirar muito bem a foto e o fato e refletir:
O que leva um homem até este ponto de decadência ?
Uma grande decepção, uma doença, o desemprego, o abandono familiar ?
Uma coisa é certa. Ninguém nasce assim, nem cresce assim. Por mais pobre que sejamos, teremos sempre nossa dignidade e é ela quem nos dá forças para enfrentar as dificuldades da vida. Mas é o espírito que nos dirige. Uma pessoa de personalidade mais fraca tem mais dificuldades para enfrentar os problemas. Daí vem o desânimo, o alcoolismo, o abandono.
Uma vez na sarjeta, a recuperação é muito difícil. Ninguém lhe dará trabalho, e ele também não terá mais forças nem disposição para tal. Ninguém lhe dará apoio. E ele entrega-se ao destino.
Engana-se quem acha que a prefeitura possa resolver todos os problemas. Isto seria uma maravilha. Com certeza, não se trata de um cidadão extremense, pois nossa cidade tem emprego para quem quer trabalhar. Talvez seja uma destas pessoas que saem pelo mundo, sem destino, em busca de qualquer coisa que nem ele mesmo saberá explicar. São as coisas do ser humano que nem a razão explica.
Então, esta deve ser a grande preocupação de todos nós. Não devemos nos perder nem permitir que os nossos se percam. É preciso proteger e ajudar os mais próximos de nós. Imaginem um círculo como tua possibilidade de ajudar e dentro dele você sua esposa e seus filhos. Depois, em outro círculo um pouco maior, seus pais, seus avós, seus irmãos. Em um outro maior ainda, seus primos, cunhados, demais parentes. Em mais um anel deste círculo, seus amigos e assim, de acordo com tuas possibilidades, você vai ampliando os anéis deste círculo.
Se todos agirem assim, estes círculos, uns pequenos, outros grandes, acabarão por se encontrar e pouca gente ficará fora deles. Da mesma forma deve ser o poder público. Vários círculos devem ser montados para atender a população, e sempre haverá as ações preferenciais, que serão destinadas aos nossos cidadãos, primeiramente. Depois àqueles que chegam a nossa cidade à procura de uma oportunidade, de uma ajuda ou até mesmo abandonados pela sorte, como parece ser o caso do homem da foto.
Este homem que está aí na foto pouco pode esperar da administração pública a não ser o atendimento social, um exame médico, uma medicação, uma alimentação emergencial. Talvez até um atendimento psicológico. Mas nada mais que isto. Não é problema da prefeitura. É um problema mundial.
O ser humano ainda é algo a ser explicado.
Nenhuma cidade quer ver pessoas nesta situação jogadas pelas praças. Ninguém quer isto, mas infelizmente o problema existe. Em vez de criticar, acusar, tentar jogar a responsabilidade sobre alguém, vamos pensar no que fazer. Como ajudar ?
Deixo minha sugestão: Recolher o cidadão, levá-lo a um banho, corte de cabelo, fazer a barba,
dar-lhe roupas limpas. Fazer um exame médico e se necessário medíca-lo. Verificar sua origem,
para onde quer ir ou voltar, ajuda-lo com uma passagem de ônibus.
Só não devemos permitir que pessoas desocupadas, sejam elas doentes ou não, abandonadas,
perdidas ou desanimadas permaneçam em nossas ruas e praças. Serviço Social é para isto.
E tenho ainda uma lógica: Não se deve dar dinheiro a pedintes, pois às vezes isto se torna hábito. Dê um alimento, uma roupa usada e encaminhe-o à assistência social. Mas não façamos de nossa cidade uma casa de caridade porque isto é utopia.
Nós, cidadãos, devemos cuidar de nossa cidade como cuidamos de nossa casa.
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