terça-feira, 10 de abril de 2012

CIDADE DOS MILAGRES

Sou meio agnóstico mas de vez em quando penso acreditar mesmo em milagres. Conheço pessoas que passam o tempo, e tomam o tempo de outras, reclamando que Extrema só tem empregos para Ajudante Geral, que as empresas só pagam salário mínimo, que a cidade não oferece oportunidades e outros xororôs.

Mas sou observador. A Ciretran, em seu último informe, mostrou que Extrema tem 12.000 carros registrados. Como temos cerca de 29.000 habitantes, oficiais, temos a incrível média de quase 1 carro para cada duas pessoas. Coisa que só acontece na Europa ou no EUA. Como criança não dirige, acho que a média seria 1 por 1.

Na quinta-feira passada fui ao Tetra as 17,30 horas. Garagem lotada, de carros novos. A loja, cheia. Carrinhos, cheios. Observo; Variedade,qualidade e quantidade nos carrinhos. Muitos deles passariam dos 300 reais. Como é que ajudante geral pode gastar tanto ?

Sai e fui na nova loja da Brasil Cacau para comprar um ovo de páscoa. Surpresa ! A fila estava na calçada. Tinha mais gente comprando chocolate do que jogando na Mega acumulada. Fui pra casa sem o chocolate.

à noite fui ao 50 Bar tomar uma cerveja. Lotado. Resolvi ir comer uma pizza. Nápoles, lotada. Tenda Bar e Pizzaria, lotada. Fiquei alí esperando e pensando. Como é que ajudante geral arruma dinheiro para gastar tanto.

Na sexta-feira fui a um pesque-pague atrás de umas tilápias. Acertaram ! Lotado. Estava faltando tilápia tal era a quantidade de gente pescando. Estacionamento lotado. Será que eram só ajudantes gerais ?

No domingo resolvi dar um rolê pela cidade para conferir o tal "crescimento". Tem construção nova pra tudo que é lado. Lá pelos lados da prefeitura tem um loteamento onde contei mais de 50 novas casas sendo construídas. Dá para entender porque uma cidade de apenas 29 mil habitantes tem 6 ou 7 grandes lojas de materiais de construção, fora a freqüência com que vejo caminhões de outras cidades trazendo materiais, principalmente de acabamento.

E mais uma vez me pergunto: Como é que ajudante geral pode ganhar e gastar tanto. Acho que tem ajudante geral sonegando Imposto de Renda. Eu, particularmente, estou procurando um casal de caseiros a mais de 6 meses. Pago 1,3 mil, por mês dou casa, água e luz. Não gasta com condução, pois acorda no trabalho. Tem horta, galinheiro, frutas e segurança. Mas os que aparecem não tem qualificação, não querem trabalhar no sábado, não sabem nem trocar uma tomada. Querem trazer os amigos para um churrasquinho na piscina e correm quando ficam sabendo que moro no local.

Reclamam que o aluguel em Extrema está muito caro. Culpa da grande demanda. Mas faltam casas para locação, ou seja, tem gente podendo pagar.

A Prefeitura vai entregar este mês as 103 novas casas do Conjunto Residencial Tenentes II e tenho tido contato com os felizes contemplados. Aliás, merecedores, pois trabalham firmes, tem família constituída, nomes limpos e se encaixaram no perfil exigido pela CAIXA. Nas conversas com este pessoal percebo não só a alegria, mas o orgulho. Todos já falam em construir muros, garagem e até mais um quarto.

A renda média destas famílias não passa de 1,8 mil reais, limite da CAIXA. Geralmente trabalham o marido e a esposa. As crianças ficam na creche. A luta é árdua, mas são pessoas honestas, batalhadoras, que com certeza terão um belo futuro.

Mas, como milagres não existem mesmo, vamos às verdades. Tem muita gente que reclama sem razão. Tem gente "encostada" nos pais, "sugando" os pobres velhos que ainda trabalham ou até mesmo suas aposentadorias, mas não querem trabalhar como iniciantes na vida profissional e, claro, ganharem baixos salários. Tem pressa, querem ter carro, moto, roupas de grife, celular, Ipad, Computador, etc., coisas que exigem muito dinheiro. Mas esquecem que para isto é preciso se qualificar e estar pronto, profissionalmente, fazer carreira em uma empresa, conquistar espaço e cargos, e é preciso dar tempo ao tempo. Então, o que fazem ? Reclamar, protestar. Como se isto fosse trazer a sonhada solução imediata.

Aos reclamões de plantão fica uma mensagem: Ao trabalho, Ao estudo, À qualificação. Construam um belo Curriculum e não uma Ficha Corrida. Construam uma carreira profissional em uma empresa e não um trampolim amador para ficar pulando de um lugar para outro. Lembrem do velho ditado: Macaco que muito pula, quer chumbo.

É preciso entender que tudo não passa de uma pirâmide, em cuja base estão os trabalhadores de menor renda, aqueles que estão se profissionalizando, aprendendo, iniciando carreira. Enquanto que no cume estão os salários mais altos. No meio, os diversos pisos salariais, característicos do sistema econômico. Ou seja, ganha mais quem está mais qualificado.

Não tem milagre, tem esforço, dedicação e, muita, paciência.

4 comentários:

Anônimo disse...

Suas observações a respeito do movimento da cidade e do achismo de quanto cada um gasta no supermercado não podem ser usados como argumentos para dizer que Extrema não oferece trabalho de baixo salário.

O Brasil inteiro mudou, aumentou a renda e as pessoas estão consumindo mais. Isso não é privilégio exclusivo de Extrema e nem novidade.

A questão é: o modelo econômico adotado por Extrema é ultrapassado, como no filme tempos modernos, onde os trabalhadores fazem tarefas repetitivas e manuais.

Quantas empresas de biotecnologia, nanoteclogia, tecnologia da informação, (desenvolvimento de sistemas), laboratórios de pesquisa e desenvolvimento estão instalada em Extrema? Quantas patentes registramos em Extrema? Quantos idiomas são falados em Extrema? Quantos empregos são oferecidos? Qual o salário oferecido?

Responda com dados de fontes confiáveis de não com observação empírica.

Roberto
robertogravatar@gmail.com

Odair Picciolli disse...

Obrigado pela tua participação. Você confirma minhas observações. O povo está comprando mais e se faz isto é porque está ganhando mais.

Uma cidade, principalmente pequena como Extrema, não tem poder para adotar modelos econômicos. Quem faz isto é o país. A cidade se dá por satisfeita quando empresas por aqui se instalam gerando empregos e renda, além de mais orçamento.

Realmente não tenho as informações que pede ma te peço. Mostre uma cidade de 30 mil habitante que tenha isto que o senhor fala.

Empresas de biotecnologia, nanoteclogia, tecnologia da informação, (desenvolvimento de sistemas), laboratórios de pesquisa e desenvolvimento buscam cidades onde existam profissionais e mão de obra especializada, coisa que nossa cidade ainda não tem.

Uma cidade não fala mais que um idioma, pelo menos no Brasil. Mas alguns habitantes dela podem, sim, estudar e falar mais de um idioma. Extrema tem escolas de idiomas para quem quiser frequentar.

Quantos empregos são oferecidos? Qual o salário oferecido? Isto posso responder, pelo menos em termos. A cidade já oferece mais de 12.000 empregos, conforme a FIEMG, sendo que mais de 2.000 são ocupados por pessoas de outras cidades. O salário, como em qualquer cidade, varia de acordo com a qualificação profissional da pessoa. Existem salários de R$ 700,00 a 7.000,00. Ganha mais quem sabe mais. Quem determina o nível salarial são os Sindicatos de Empregados e o Sindicato Patronal.

Talvez o senhor tenha entendio que estivesse dizendo que a cidade faz milagres. O que eu tentava mostrar era que muita gente reclama que a cidade só paga salário mínimo, mas o modus vivendi mostra outra coisa.

Porém, opiniões como a tua são importantes, pois servem para que todos possam avaliar sentimentos e impressões sobre a cidade.

Quando dezenas de empresas estão se instalando na cidade, outras tantas estão em negociações, os cinco maiores bancos do país estão na cidade, é certo que alguma coisa boa tem.

Quando quiser saber se as coisas vão bem, pergunte para quem está bem, fez sucesso, ganhou dinheiro.

Quando quiser saber se as coisas estão ruins, pergunte a quem não quer trabalhar, não quer estudar, não quer começar uma carreira. Vive reclamando pelos cantos. Emprego tem. Bom salário precisa ser conquistado. Qualificação precisa ser buscada.

Nada vem de graça. Tudo é questão de esforço pessoal.

Anônimo disse...

Sr Odair
Vamos separar em duas partes:

01-) Crescimento pessoal: concordo 100% que o sucesso de cada um depende do seu esforço pessoal. Estamos falando do potencial humano e criativo que precisa de oportunidade para desenvolver. O sucesso do esforço pessoal depende do ambiente que a pessoa está. Uma semente jogada no deserto tem o mesmo potencial de vingar que uma semente colocada em um terreno adubado, úmido, preparado. Tem o mesmo potencial, mas não tem a mesma chance.

Se Larry Page, Sergey Brin, Mark Zuckerberg, Jerry Yang tivessem nascido, crescido, estudado e trabalhado em Extrema, provavelmente eles seriam ótimos profissionais, de salários de R$ 700,00 a R$ 7.000,00, mas nós não teríamos o Google, Facebook, Yahoo. O ambiente macroeconômico da cidade não incentiva a econômica do conhecimento e sim a economia da produção e logística. Isso aconteceu por causa da posição geográfica e dos impostos.

02-) Ambiente econômico: uma cidade não tem condições de adotar modelos econômicos quando se trata em macroeconomia, mas tem condições de escolher para onde vai o seu desenvolvimento econômico, quais setores quer desenvolver , onde vai investir seu orçamento. A cidade de Santa Rita do Sapucai é um exemplo de como o tamanho da cidade não sela o seu destino. Além desse exemplo, temos parques tecnológicos espalhados pelo Brasil inteiro: Itajubá, Montes Claros, Juiz de Fora. Foram escolhas estrategicamente implantadas. Outros modelos de cidades pequenas com laboratórios de pesquisa de e desenvolvimento têm espalhados em países como EUA e Inglaterra. Enquanto estamos comemorando a vinda de fabricas, que logo, logo irão colocar somente robôs em sua linha de produção (só não fazem isso hoje, porque o ser humano é mais barato do que o robô para as tarefas repetitivas), as cidades do futuro estão investindo na economia do conhecimento. Seremos a fabrica do mundo: vamos fabricar, fazer o que eles inventam, criam.

Onde está a maior criação de riqueza: em Cuppertino sede, da apple com seus 100 bilhões de dólares em caixa ou em Shenzhen, na cidade da fabrica da foxconn na China. Ambos criam riqueza, mas tenho absoluta certeza que os engenheiros da Apple ganham mais dos que as crianças da linha de produção da Foxcon na China. ( A foxcon Acusada de submeter seus trabalhadores a terríveis condições de trabalho, a empresa foi várias vezes associada ao suicídio de vários de seus empregados, motivados por jornadas de trabalho de 15 horas por dia, sete dias por semana, com salários de apenas US$ 50 por mês.) Ambas trabalham com o Iphone. Uma é detentora da propriedade intelectual e a outra fabrica. Extrema será em 50 anos um Cuppertino ou uma Shenzhen?

Utilizar o argumento de que Extrema está melhor do que outras cidades nao é util. Esse tipo de argumentação não cabe de forma alguma. O que estamos discutindo é onde estamos e para onde estamos indo. Estamos numa cidade do fazer e carregar e deveríamos estar na cidade do criar e desenvolver. A riqueza está na economia do conhecimento e cabe a cidade com seu poder público prover o ambiente para que essa economia aconteça.

Odair Picciolli disse...

Sr. Roberto. Mais uma vez, obrigado pela participação. Seus comentários enriquecem nosso blog.

Tudo é questão de opinião e de visão. Respeito suas duas posições. Visão e opinião e deixo para outras pessoas comentarem. Apenas quero mostrar alguns equívocos.

Falar que empresas vem para Extrema motivadas por redução de impostos não seria a informação mais correta. O município pouco pode oferecer neste quesito. ISS - Imposto Sobre Serviços não seria um tributo muito utilizado por uma industria. Tanto que nem se cogita falar em isenções. Quando, e se, conseguem alguma vantagem, esta seria de ICMS, tributo Estadual e dependente do CONFAZ, onde o município não interfere.

Com relação à sua visão futurista e tecnológica, repito. Isto é decisão da industria e nunca da prefeitura. Ocorre de uma empresa optar por uma cidade, implantar seu projeto e outras vem na mesma esteira. Por exemplo: Extrema recebeu a Bauducco, depois a Kopenhagem, depois a Barry. Todas trabalham com chocolates. Outras virão. Geralmente grandes empresas atraem outras do mesmo setor fabril. O Senhor pode estar comparando uma pequena cidadezinha de menos de 30 mil habitantes, que em 10 ou 12 anos experimenta o desenvolvimento industrial, à cidades com maiores populações e que já passaram por estas experiências a bem mais tempo.

As coisas acontecem naturalmente, por força das próprias empresas. Existem cidades que produzem cerâmicas, outras, carvão, outras petróleo, outras automóveis. Por exemplo, esta sua cobrança, caberia muitos mais a São Bernardo do Campo, por exemplo, berço do automobilismo no Brasil. Ou que tal, Franca, grande produtor de calçados.

Extrema estaria pilotando um fusca. Não se pode exigir já que ela pilote um Fórmula 1. Tudo tem seu tempo. De uma criança só podemos esperar o desenvolvimento.