segunda-feira, 5 de março de 2012

CONTINUIDADE E MUDANÇAS.

Ainda demora um pouco para chegarmos à próxima eleição em nossa cidade, mas os “pauzinhos” já estão sendo agitado nos bastidores e nos partidos.

Nem é preciso dizer que em Extrema a eleição sempre estará focada no duo situação x oposição.Dificilmente surgirá uma terceira via, ou até uma quarta. E a conversa é sempre a mesma: Continuidade, para uma parcela da população e Mudanças para outra parcela. E, geralmente, é a parte mais pobre da população que mais se entusiasma neste período, seja pela esperança de mudanças positivas, pelas promessas e propostas dos candidatos ou até mesmo pelas inevitáveis “ajudas” eternizadas por alguns políticos acostumados a achar que assim podem “comprar” o voto.

E nesta historia de continuidade x mudanças o que vai prevalecer será a capacidade dos candidatos em convencer o eleitor de que a hora é de continuar ou de mudar e é exatamente onde as expectativas são maiores que o candidato deverá gastar seu verbo, seu tempo, e seu dinheiro de campanha. As classes A e B são, no geral, formadas por eleitores com opiniões já estabelecidas, difíceis de serem alteradas e que atuam como formadores de opiniões. Claro que todo eleitor que deseja mudanças as quer para melhor. É aí que entra o marketing do candidato. Tentar mostrar que ele fará a diferença.

Mas somos extremenses e é daqui, da nossa cidade, que devemos falar e comentar. Hoje temos no poder Executivo um partido que representa a continuidade e que já vai emplacando 24 anos na administração da cidade. Talvez um caso dos mais longevos na história da política deste país. Não se pode negar que é um governo que tem obtido grandes êxitos e a população reconhece que muita coisa mudou em suas vidas, e para melhor. Saúde, Educação, Empregos, Renda. Pode-se dizer que Extrema vive a pleno emprego, existindo vagas para quem queira trabalhar. Claro que vivemos um período de transição importante, quando as pessoas buscam qualificação profissional para terem acesso a melhores postos e salários, porém, isto ocorre em qualquer lugar que passar por um desenvolvimento rápido. Na situação que a cidade vive hoje o eleitorado tende a preferir a segurança da continuidade aos riscos de mudanças.

Porém todo cuidado é pouco. Não basta a situação estar convencida disto, confiar nas suas pesquisas e avaliações, e subir no salto. É preciso que o eleitor também esteja pensando assim e que sua percepção seja real nas proximidades da eleição. Ao ser indagado o que ele acha da atual administração ele vai responder tendo em consideração tudo que lhe diz respeito naquele momento. Uma avaliação positiva da administração pode significar o desejo da continuidade administrativa, mas não o continuísmo político. Muitas pessoas podem estar contentes com a situação atual da cidade, porém desejam mudanças políticas, querem outras pessoas, outros partidos, e tem lá seus motivos. Nesta hora é fundamental que o político entenda que a avaliação positiva do eleitor não seria um comprometimento com a sua continuidade.

E como lidar com isto ? Caberá ao político que almeja sua reeleição incluir em seu programa de governo as mudanças, novidades e avanços que o eleitor deseja e tem expectativas. O objetivo deve ser uma proposta que represente a continuidade e as mudanças. Uma vez montada esta proposta ele vai “matar” a candidatura adversária. O adversário não poderia defender a continuidade, arma da situação, e não poderia defender mudanças radicais porque o povo não deseja. Propor mudanças parciais, cosméticas, seria um tiro no pé, pois a situação estaria em melhores condições para aplicá-las.

Aos olhos daquele eleitor que deseja mudanças , a continuidade é menos atraente do que as mudanças prometidas, até porque a continuidade traz com ela não só os sucessos, mas, também , as falhas, as promessas não cumpridas e o desgaste natural de quem está no poder a quase 4 anos. Ele é a “vitrine” e o “telhado” e, como tal, sempre sujeito às pedras. Já as mudanças serão sempre as esperanças pois não trata de fatos e coisas passadas, mas apenas do futuro.

Estrategicamente, será preciso acomodar em sua campanha a mensagem de mudanças e encontrar um “break even point”, ou ponto de equilíbrio ideal, entre a continuidade e as mudanças, considerando que nunca será o mesmo para seus companheiros de governo e para o eleitorado alvo. A palavra proibida deve ser : continuidade sem continuísmo, pois quem pensará desta forma será o eleitor em dúvida. O eleitor, como dito, poderá estar disposto a aceitar a continuidade, porém, sem o continuísmo político. Este é o nó a se desatado.

A armadilha estará armada. Ao eleitor feliz com a continuidade administrativa e seus resultados soará estranha a mensagem de mudanças. Aos que desejam mudanças soará como promessas de campanha. Então, o candidato da situação, ao falar de seu projeto de mudanças, deverá ser mais autêntico e mais convincente que o candidato da oposição. Não poderá ser um projeto tímido, mas corajoso. Deverá ser marcado pela independência do candidato, pela sua autoconfiança e sem medo de errar.
E, finalmente, não bastará apenas falar em mudanças, mas será preciso dizer o que vai ser mudado, quando, como e o porquê. Além de propostas criativas, deverá também mostrar que elas serão totalmente possíveis de serem realizadas e que elas representem de fato as expectativas daquele eleitor que ele deseja alcançar. Fazer da autenticidade sua marca com o eleitor.

Vai haver contestação ? Vai, claro ! Os que estão no governo poderão sentir-se traídos ao ver seu político encampando mudanças dantes defendidas pela oposição. E a oposição não reconhecerá legitima a ação situacionista em tentar ocupar aquele espaço. Contornar os “governistas” até que não seria tarefa difícil, pois entenderiam que melhor assim do que a oposição, já com relação à oposição não se deverá aceitar provocações, tentativas de desqualificação, questionamento do tipo, porque só agora quer fazer estas mudanças. A posição deverá ser: Mudanças só podem ser efetuadas por quem tem o comando, e a experiência para fazê-las.

Pode não ser fácil a missão, cobrir os dois lados da disputa – continuidade e mudanças – mas no fundo é exatamente isto que o eleitor deseja.

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