quinta-feira, 11 de agosto de 2011

IMAGEM E REPUTAÇÃO NA POLÍTICA

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Tradicionalmente conhece-se o político por sua imagem, pois sua personalidade real permanece inacessível às pessoas comuns e aos eleitores, de modo geral. Somente os que fazem parte de sua intimidade é que tem acesso a este conhecimento. Logo, a imagem de um político é importante, seja na vida pública, como na vida privada. Sua imagem é a sua personalidade pública.

Por isto o político tem uma preocupação constante em proteger sua imagem dos ataques que buscam comprometê-la. Para tanto jamais poderá hesitar.

Um dos componentes da imagem é a reputação. Ela aponta, geralmente, o traço mais forte e marcante da imagem, pois esta é, invariavelmente, mostrada pelos atributos da pessoa de forma muito plural enquanto que a reputação se define de maneira mais singular.

Quando se fala de reputação deve-se considerar que ela pode tanto ser positiva como negativa. Na vida privada tudo é definitivo, claro: positivo é positivo, e negativo é negativo. Mas na vida política, a situação não se apresenta com a mesma clareza.

Maquiavel dizia: “ Uma pessoa que queira mostrar bondades em todas as coisas, necessariamente vai sofrer entre os muitos que não são bons”

Maquiavel ensina que, muitas vezes aquilo que é um “bem” na vida privada, poderá revelar-se um “malefício” na vida política e social.

Dizia ele que se as coisas são bem consideradas, se descobrirá que algumas coisas que parecem virtudes, se forem seguidas, levam à ruína, enquanto que outras, que parecem vícios, resultam em maior segurança e bem estar.

Sobre paradoxo das virtudes e dos vícios, esta era a fórmula de Maquiavel:

- virtudes privadas = malefícios públicos
- vícios privados = benefícios públicos.

Por esta razão este sábio pensador alertava que:
“Em conseqüência, é necessário para um governante, que deseja manter-se no poder aprender a não ser bom e usar ou não este conhecimento, de acordo coma necessidade de cada caso”. Vejamos que Maquiavel não estaria propondo que o governante seja “mau”. O que se entende é que o governante deve ser capaz de “não ser bom” e agir conforme as circunstâncias, sabendo também dizer “não”.

Nos tempos atuais, com a prática da democracia, o argumento básico é que no ambiente competitivo da política, onde o conflito é fato, o político não pode ter unicamente ações boas e meritórias, pois será atropelado por aqueles, que na busca do poder não possuem estes escrúpulos.

Conclui-se que mesmo a boa intenção e o mérito precisam ter um pouco de argúcia, de malícia e de dissimulação, ou outros expedientes análogos, para que possa se defender daqueles ,que, atrás do poder, iriam bloquear aquelas ações positivas para lubrificar as engrenagens do poder e viabilizá-los a si próprio.

No caso da reputação se aplicariam as mesmas regras.

O político deve estar alerta para a dialética entre vícios e virtudes. A reputação dos vícios e defeitos tem certa potencialidade de poder. Existem defeitos que ajudam a conquistar e manter o poder como também existem defeitos que podem prejudicar o alcance do poder.

O governante não deve se preocupar com o “escândalo” dos vícios e defeitos que o mantém no poder, desde que sejam aqueles que lhe ajudam. Porém, deve—se manter longe daqueles vícios e defeitos que podem carregar o poder para longe.
Por exemplo: Um governante com reputação de avarento, na sua vida privada seria visto com maus olhos. Ninguém gostaria dele. Entretanto esta mesma qualidade, avareza, na vida de governante o ajudaria a manter-se no poder. O público veria com bons olhos o fato de seu governante ser avarento, pois saberia cuidar do dinheiro público.

Portanto, uma qualidade “negativa” na vida privada transforma-se em qualidade “positiva” na vida pública.
E tem mais, o governante com fama de avarento, ao abrir a mão, um pouquinho que seja, será muito aplaudido e elogiado e não deixará falsas expectativas no público. Afinal, todos sabem que o pouco que vem de quem não dá nada , vale muito mais que o muito que vem de quem da muito, pois o público sempre achará que é insuficiente e que ele pode dar muito mais.
Já o governante que pretenda uma imagem de “liberal” teria que agir ao contrário, pois tem o risco de ninguém tomar conhecimento de suas ações e, se usadas de forma ostensiva será exigido muitos recursos públicos para financiá-la. E, com o tempo, poderá não haver mais recursos e aí terá que recorrer a novos impostos, taxas, etc.

No final, aquele governante tido como liberal e muito simpático será acusado de ser uma criador de impostos. Outra alternativa seria contrair mais dívidas, que deveriam ser pagas pelo contribuinte, que começaria a ver seu governante sobre outra ótica. Quando criar os impostos e taxas deixara evidente que se transformou em um governante pobre, desprezível, pois em nome de sua liberalidade, de sua popularidade, prejudicou os pobres, que pagarão aquelas dívidas e beneficiou os ricos.

Mas se o governante tido como liberal e que criou novos impostos decidir mudar sua forma de governar, reduzir despesas drasticamente, adquirirá, de imediato uma nova reputação: a de avarento. mesquinho e autoritário.

Este exemplo mostra que uma virtude na vida privada (liberalidade) se transforma em grande defeito na vida social e política. O inverso também é fato. Um defeito na vida privada (avareza) torna-se uma virtude na vida pública


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