terça-feira, 5 de julho de 2011

QUANTIDADE X QUALIDADE

Quando resolvi retornar aos bancos escolares para completar meus estudos já tinha lá meus quase 40 anos e experiência de vida suficiente para poder avaliar a qualidade daquilo que me apresentavam como sendo uma Universidade. Que surpresa desagradável.
De cara constatei a baixa qualidade do ensino, estrutura ruim, e, principalmente, o nível muito fraco dos professores, salvo uma ou outra exceção. Fiz o curso de Administração de Empresas no nível bacharelado e dentro do curso havia a matéria “ Informática”. Pois, acreditem, passei o ano todo tendo algumas aulas teóricas sem jamais ter sido apresentado a um computador, e isto em uma das grandes Universidades particulares do Estado de São Paulo.
Já naqueles anos se constatava que havia um grande número de faculdades e universidades, porém, pecava-se pela quantidade sem qualidade. E isto só fez aumentar de lá para cá.
Dou estas pinceladas apenas para ilustrar o que vou dizer a seguir. O Jornal Estado de São Paulo de hoje, 04 de julho, traz matéria na página A-16 sobre o título “ OAB reprova 9 em cada 10 bacharéis”.
Aí está a comprovação de que os cursos, principalmente o de Direito, das escolas particulares e até de algumas oficiais, estão abaixo do nível mínimo exigido pela OAB para que o candidato a advogado possa exercer, pelo menos, seus primeiros estágios.
De um total de 116 mil inscritos para o exame da OAB, apenas 9,74 % conseguiram aprovação, ou seja, menos de 10 %, ou 0,974 candidatos em cada grupo de 10.
Especialistas da área afirmam que durante o curso os alunos não se dedicam, os professores não estão bem preparados, não se dedicam exclusivamente à docência, nem poderiam, com os salários que lhes são oferecidos. E afirma também que o exame está mais difícil.
Ora, o exame está mais difícil ou os alunos não se aplicam e não se preocupam ? Ou as duas coisas e as escolas não se preocupam em melhorar o desempenho ?
Vejamos. Aqueles 9,74% que lograram passar no exame freqüentaram as mesmas escolas dos que não conseguiram. A diferença é que buscaram complementar seus estudos com conhecimentos adquiridos fora da escola. Pesquisaram, trabalharam. Se cada estudante pegasse o exame anterior da OAB e trabalhassem sobre as questões estariam em condições de ser aprovado.

Deixando de lado os advogados, vamos falar dos futuros médicos. Alguém já verificou com esta mesma profundidade os resultados dos exames para a aprovação de novos médicos ? A coisa não é muito diferente não e com conseqüências piores para a sociedade. Um erro de Direito pode levar um cidadão para a cadeia, mas um erro médico pode levar para o cemitério.

Deixo uma questão: Porque as Faculdades e Universidades não desenvolvem seus programas de ensino seguindo os critérios da OAB e do CRM ?

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