segunda-feira, 25 de julho de 2011

É DIFÍCIL AGRADAR A TODOS

Quando um político atinge o poder ele tem aumentada sua capacidade de impor sua vontade às outras pessoas. Isto significa uma massa de energia composta de competências para baixar normas e regras impositivas, além de recursos humanos materiais e financeiros.

Essa massa de energia, que representa o poder do homem sobre o homem, confere ao governante um alcance e uma latitude peculiar à sua vontade. É agora que ele passa a ser uma pessoa diferente das outras. Alguns governantes deixam-se embriagar por esta nova condição e se apropriam do poder, como se fora algo pessoal, e esquece-se que isto é transitório, que foi eleito para trabalhar pelo povo e realizar ações coletivas de interesse de todos.

Como disse Lord Acton: “ O poder tende a corromper. O poder absoluto corrompe absolutamente”. Mesmo aquele que não se embriaga pelo poder tende a ser transformado por ele, principalmente nos primeiros meses de mandato. Ele tem dificuldades para entender os limites de seu poder.

Passa a haver um forte contraste entre a situação em que ele vivia e a nova situação. Os símbolos do poder, a forma como ele passa a ser tratado, a reverência que lhe fazem agora. Tudo é perturbador. E ocorre então o grande equívoco político. O governante passa a acreditar que tendo o poder poderá agradar a todos.
Sem considerar as barreiras que a oposição vai lhe impor, o combate que a mídia lhe fará, as limitações financeiras, materiais e humanas que a administração lhe apresentará, o novo governante parece não conhecer seus limites.
Os compromissos assumidos na campanha lhe são cobrados. Oportunidades para cooptar adversários se apresentam a cada dia e assim cresce no governante a vontade de agradar a todos, reduzindo a oposição à condição de insignificância política.

E de bem com o mundo, prestigiado pela legitimidade popular, adulado por muitos, bem tratado pela mídia, é dominado pelo sentimento positivo que, se não for contido, pode levá-lo a cometer erros graves, dos quais se arrependerá em futuro bem próximo.
Ele passa a ver uma certa elasticidade no governo e nos órgãos da administração, onde sempre será possível criar novos cargos, novas funções para acolher seus compromissos pessoais e novas indicações que seus apoiadores vão trazendo. O problema é que esta “elasticidade” sempre será inferior, quantitativa e qualitativamente, às solicitações.

O sentimento de que é possível agradar a todos corresponde, na prática, ao sentimento de que cada um pode ter o lugar que deseja ou que julga ser merecedor. Não demora e o governante começa a perceber que sua abertura e boa vontade é respondida por frustrações, animosidades e intrigas. Os beneficiados ficam insatisfeitos, seja porque:
1 – Não conseguiram uma posição no governo.
2 – Ou porque conseguiram uma posição “que não está à altura” de suas expectativas.

No final, não existe cargos e vagas para todos e muitos dos agraciados não estão satisfeitos com o que lhe deram e a ação de agradar a todos acaba gerando resultados mais negativos que positivos, com insatisfação e ingratidões.

Muitas destas pessoas acabam “aceitando” aquela abertura e ficam na administração batalhando por posições melhores, causando uma competitividade maligna e improdutiva.
Aí esta nova administração passa a ter um perfil horizontalizado, ou seja, tem mais gente do que precisa, onde as competências, atribuições e responsabilidades específicas passam a ser deveras imprecisas, com vários órgãos competindo entre si na mesma área, ou um deixando para o outro a responsabilidade de fazer.

Este descontrole acaba por gerar conflitos internos originados por um erro político causado por erro de intenção e não de realidade. Precisa estar consciente de que o seu compromisso é com o eleitor, de que não é possível agradar a todos, e que a montagem de sua máquina administrativa deve buscar a eficiência para produzir resultados, que serão cobrados pelo eleitor na próxima eleição.
A intenção de agradar a todos é o caminho mais curto para a auto-destruição política.

O governante deve usar o poder com sabedoria !

Nenhum comentário: