“Oh ! glória de mandar, oh! Vã cobiça...”,
Assim já dizia
Camões, porém, não podemos deixar de lembrar que quando o poder é usado com
sabedoria, com justiça e com visão futura, ele realiza maravilhas, seja pelo
progresso, pelo desenvolvimento, pela cidadania e por cada um de nós.
Por isto, neste momento, é preciso cuidar para que não se
pratique uma oposição destrutiva ou uma campanha negativa. Todos os políticos
buscam o poder, e, na maioria dos casos, o Executivo, apesar de que no
Legislativo também existem disputa pelo poder de uma presidência, ou de uma
liderança. E também não pode negar que um olho está no peixe e o outro no gato.
Uma prefeitura pode ser o degrau para a Assembléia Estadual, ou a Câmara
Federal, ou até mesmo o Palácio do Governo.
Existem dois tipos de
político; O do tipo Estadista, orientado, teoricamente para o bem, e o
“delinqüente”. Ambos desejam o poder para então poderem mandar, fazer,
executar. Os métodos podem ser diferentes, mas o objetivo é sempre o mesmo, e ambos, em
sua passagem, deixam rastros bem visíveis a quem tem bons olhos.
Mas o tempo é padrasto e as diferenças irão se manifestar. A
campanha para a próxima eleição é permanente e não para nunca. Da mesma
forma, governar passa a ser uma rara
oportunidade para se marcar pontos políticos, ou se desgastar.
Para marinheiros de primeira viagem, é bom saber que exercer
um cargo político e governar são ações de elevado risco , pois existe uma
grande dependência de normas e leis que tolhem muito da vontade e do desejo
pessoal de realização. Mas falando da campanha, surge o momento em que se fazem
acusações, denuncias, tentam mostrar escândalos, criam os chamados “pelo em
ovo”. Tudo para tentar derrubar o adversário, ou até mesmo excluí-lo da
eleição. Geralmente o acusado acaba por ser muito mais prejudicado que aquele
que acusa. Principalmente se a acusação foi bem “montada”.
Para o acusado sempre será difícil e complexo explicar-se e
mais difícil ainda fazer o eleitor entender suas explicações. Para o simples
eleitor tudo parecerá “enrolação”.
Em cidades pequenas, como a nossa, tudo gira em torno do
“Pop News”, ou seja, a boca do povo. E ali um traço pode se transformar em uma
reta. Em época de eleição e de campanha o “Pop News” precisa ser diariamente
alimentado, seja por boatos ou por explicações, ou ele engole o candidato. Como o povo não dispõe de meios para formar uma opinião
definitiva, ele toma por base aquilo que lhe chega como informação, incluso aí
os boatos e falsas acusações. É difícil para ele decidir quem seria o culpado.
O acusado ou o acusador ? O povo ouve, debate, discuti, mas não consegue chegar
a nenhuma conclusão, até porque ela não existe, e aí quem paga o pato será
sempre o acusado.
Existe a Justiça, claro, mas ela tem seus ritos, seus prazos
e sua dinâmica de funcionamento. A Justiça jamais vai se submeter à pressa e a
urgência dos candidatos. Ela vai permitir que se cumpram prazos, que se façam
provas, que acusação e defesa se manifestem,
e que todas as instâncias recursais sejam utilizadas. Portanto, nem sempre uma acusação terá efeito sobre uma
candidatura imediata. Poderá ocorrer até de um candidato cumprir seu mandato na
íntegra antes que possa sofrer alguma condenação, e se absolvido terá sua honra
preservada, mas o estrago político foi feito lá atrás, quando disputava a
eleição. Sua carreira política foi prejudicada, sua reputação arranhada, com
perdas pessoais e econômicas irrecuperáveis.
Cabe um alerta. A política mudou, e muito, e para pior.
Pessoas honestas, qualificadas e que poderiam ser muito úteis à sua cidade
acabaram por desistir da carreira política, abrindo espaço, ou deixando espaço,
para os desonestos e de mau caráter, resultando no atual nível de corrupção que graça pelo nosso
país, onde até o maldito Caixa Dois já é considerado como algo normal e que
todos praticam.
Mas estas coisas não acontecem apenas no Brasil. Ocorre em todo país que esteja passando por uma transição política para que a democracia realmente esteja acima das
relações políticas e os oportunistas sejam expulsos de vez. É preciso que se acabe com a política da mentira, da falsa
acusação, do boato, do tapetão, ou transformaremos nosso país em um covil de
falsos políticos ou de políticos bandidos.
Mas nem tudo é perdido. Vem aí uma nova geração de
políticos, principalmente no interior do país, nas pequenas cidades. A internet
trouxe a comunicação rápida, o conhecimento ao alcance de todos, a informação e
a educação. É uma geração que rejeita o mau político, o político bandido, o
político mal formado. A juventude está ficando mais politizada, mais informada.
Ela já não quer pedaços ou metades. Ela quer o inteiro e vem luta por aí. No
passado os jovens pegavam em armas para defender suas idéias. Hoje apegam-se em
argumentos. Deixamos há muitos anos o reino das armas e entramos para o reino
das palavras.
Bem vindo jovens políticos. O mundo é de vocês. Não permitam
que a corrupção e a bandidagem política dominem
nosso país. Se hoje nossos filhos e nossos netos são vitimas deste
sistema sujo e traiçoeiro a culpa cabe a nós, os mais velhos, que assim
permitimos.
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