Sempre achei que o cara que inventou o Helicóptero estava
mesmo de olho no beija-flor e na libélula. Mas observando o pouso de um Jumbão
ficava imaginando no que o seu inventor, ou construtor poderia ter se
inspirado, pois parecia-me mesmo um grande bicho pousando.
Hoje pela amanhã, ao sair do sítio, fui surpreendido por uma
bela visão. Um casal de siriemas decolou do alto de uma mata e veio baixando vôo
ate aterrisarem no pasto. E aí vi que o perfil dos dois bichos em pleno vôo e
de pouso parecia-se muito mesmo com um Jumbo com o trem de pouso baixado. Como
se sabe, a Siriema tem a perna longa, e neste vôo apareciam dobradas, parecendo
mesmo um par de rodas.
Sempre vejo as Siriemas por ali, mas no chão. Nunca havia
visto em vôo. Foi realmente interessante. Aprecio observar a natureza, pois ela
nos ensina muita coisa, como o amor de um casal de maritaca, que anualmente
volta ao mesmo ninho, e que se um morrer o outro fica sozinho até morrer também.
Ou um “condoninho”. Ninho que está sempre no mesmo lugar, bem conservado, mas
que é freqüentado por pássaros diferentes, em épocas diferentes, ou uma turma
de sapos que moram no mesmo buraco e de lá só saem à noite para caçar bichinhos,
principalmente os que voam em torno da lâmpada até caírem, como que embriagados
pela luz. Sem falar na grande família de morcegos que moram sob um beiral do
telhado e à noite, logo que escurece, começam seus rasantes na piscina para
beberem água e seguirem sua busca de alimentos.
Uma enorme coruja branca, que com asas abertas deve ter
quase 2 metros de abertura, vive no mesmo lugar há anos, já tendo nos dado dois
lindos filhotes, que decidimos olhar de longe, com o binóculo, para não afugentá-los.
Três, ou quatro, famílias de macacos Saa, com seus filhotes
nas costas, freqüentam a mata há muitos anos e já nos servem de guardas, pois fazem um barulho enorme se
algum estranho se aproximar. Durante a manhã é comum se ver uma grande família de Jacús,
com seus colarinhos vermelhos e penas negras. Para quem não conhece pode
parecer urubus, mas são menores, mais bonitos e mais elegantes.
Antes das sete da manhã, por volta das 6,30 vejo sempre um
casal de sabiás caçando bichinhos no gramado. Chova ou faça sol e lá estão os
dois trabalhando.
À tarde, um pouco antes do por do sol, as andorinhas azuis
dão o espetáculo. Quando vai escurecendo a Juriti canta o seu canto triste
avisando que a noite chega e aí é a vez do Curiango voa rasante na escuridão,
dando sustos nos menos avisados e o Mãe da Lua que nos faz arrepiar ao ouvir
seu canto lúgubre.
Assim é a natureza. Rica em detalhes, que com um pouco mais
de atenção fazem a vida mais interessante.
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