quinta-feira, 10 de novembro de 2011

CUIDADO COM A LÍNGUA !

Muitas pessoas, e entre elas, políticos, tem o hábito, muitas vezes infeliz, de tentarem criar frases de efeito para marcar uma opinião particular, um fato ou um problema. Geralmente, tais frases acabam sendo interpretadas pelo público de forma totalmente diferente do que seu autor imaginava e as conseqüências podem ser graves e prejudiciais.

Isto é regra, todo mundo sabe, mas continuam a pratica. O objetivo é aparecer mas o tiro pode sair pela culatra. Um “pequeno grande erro” pode prejudicar e marcar a imagem da pessoa, ou do político, pelo resto da vida. No caso do político, pode até representar a perda de uma eleição e a perda de sua imagem. Não nos faltam exemplos.

Maluf um dia disse: Estupra, mas não mata!, referindo-se a um crime de estupro em São Paulo. Passou muito tempo dando explicações.
Outra vez disse: Votem no Pitta. Se ele não for um bom prefeito nunca mais votem em mim! E todo mundo sabe no que deu.

Marta Suplicy disse: Relaxem e gozem, referindo-se a problemas de congestionamento de passageiros nos aeroportos brasileiros.

Um candidato a Presidência nos EUA disse: É preciso estudar muito, fazer os deveres, para ser inteligente, ter êxito, caso contrário acabará enfiado no Iraque.
Referia-se à Política de Bush, mas ficou entendido que ofendia as pessoas pobres dando a entender que estas eram enviadas para a Guerra.

Explicou muito e teve que desistir da sua candidatura.

Esta semana uma Ministro brasileiro disse: "Só saio do Ministério à bala" referindo-se à pressão da mídia pela sua demissão. Mas o entendimento foi diferente. Soou como um desafio à Presidente da Republica à possibilidade de sua demissão.

As características de declarações infelizes são conhecidas. Podem agredir o eleitor ou a pessoa, geralmente seriam desnecessárias, são tentativas de “frases de efeito”, e sempre repetidas, mas sempre ficam associadas ao político, ou à pessoa que pronunciou, nunca serão esquecidas pelo eleitor ou pela pessoa que ouviu, e, geralmente, provocam perdas políticas ou perda de amigos e admiradores pessoais.

As tais “frases de efeito” poderiam ser dispensadas. Nada acrescentam ao objetivo da comunicação e, via de regra, assumem formato de gracejo, chacota ou ironia. A atração do autor é a impressão de que estará criando uma “marca” pessoal, que estaria sendo criativo e original na colocação de algo mais complexo.

O autor sempre acha que sua frase é a mais apropriada para mostrar sua opinião, ou posição, sobre o assunto. Acha que a frase “vai pegar bem” porque seria espirituosa, inteligente ou original. Que a frase vai levá-lo “à mídia”.

A última opção é o que ocorre, com certeza, porque ela não vai “pegar bem”. Vai “pegar mal” e o público entenderá de forma totalmente diferente da esperada pelo autor, será interpretada negativamente e aí a vaca vai pro brejo. Não haverá explicações que possam convencer o contrário. O espaço na mídia foi conquistado, só que de forma negativa.

Se todos sabem disto porque insistem ? Muitas vezes o cansaço ou o mau humor podem levar a estes lapsos verbais. Outras vezes é a vaidade, o desejo de parecer ser espirituoso ou inteligente. O problema é que as explicações posteriores causam muito menos impacto do que a própria frase infeliz, que acaba ficando na memória das pessoas por muito tempo.

Aqui em Extrema tivemos um candidato a vice-prefeito que disse esta celebre frase: "Vamos tirar Extrema do buraco !" , esquecendo-se que o mandato que terminava era de um candidato de seu partido, dando aos opositores a oportunidade da chacota.

Tenho ouvido muitas frases, algumas até aparecerão na próxima campanha, com certeza. Veremos o acerto delas. O importante é a pessoa saber controlar o relacionamento de sua mente com sua língua. A palavra é como bala de revolver. Uma vez apertado o gatilho não tem como segurar a bala e o estrago estará garantido. Como diria aquela artista cômica da TV. “Eu só abro a boca quando tenho certeza” ! O segredo está na "certeza." E aí mora o perigo.

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