Em política tudo deve ser bem pensado para depois não se
arrepender. Quem já não se arrependeu de ter perdido uma oportunidade de marcar
presença em algum evento, ou se arrependeu amargamente de ter ido ?
Esta decisão de estar ou não estar em um determinado lugar
ou ocasião só irá se mostrar acertada
posteriormente, quando os louros já foram colhidos ou o leite foi derramado.
Eis aí a grande virtude do político inteligente. Saber “administrar”
presenças e ausências. Muitas vezes a ausência se torna mais eficiente do que a
própria presença. É falsa a idéia de que político precisa ocupar espaço,
temendo que seu(s) adversário (s) o faça (m), e acabam por se atirarem a tudo e
a todas as oportunidades que aparecerem.
Quanto maior for o prestígio do político mais ele será
esperado em público, sempre será requisitado e corre o risco de se tornar “arroz
de casamento”. Como perfume, vale a
qualidade e não a quantidade ou se tornará enjoativo.
Manda o bom senso que o político se faça presente junto ao
seu eleitorado, mas nunca ao mesmo eleitorado. Visitas itinerantes a bairros
diversos, associações, clubes, escolas, festas e eventos devem ser feitas , porém,
deve evitar estar sempre presente nos mesmos locais, com o mesmo público.
Ser visto esporadicamente faz do político um personagem
misterioso, que o eleitor quer conhecer melhor, tocar, cumprimentar, conversar.
Ele sente-se honrado ao apertar a mão de seu candidato. Mas as presenças
contínuas desgastam a imagem e torna-o uma pessoa comum, sem a áurea que
normalmente é colocada pelo eleitor, e que diferencia o político,
Quando o político permite que aquela parede de mistério e de
surpresas seja removida ele perde também
o respeito, a autoridade e a admiração. Passa a ser considerado íntimo e,
conhecendo-o melhor, o eleitor acaba por perder aquele encanto, próprio dos
políticos que detém o poder.
Na verdade, o político tem sempre como objetivo o voto, e esta obsessão acaba por levá-lo a trilhar o
caminho equivocado do popularismo. O sistema eleitoral, a democracia, a
política e o eleitor formam um grande “liquidificador”. Uma vez que cair dentro
dele será triturado, moído e consumido. Uma
vez “engolido e apreciado” perde o sabor
da novidade. Portanto, é importante manter-se sempre como a fruta fresca,
sempre desejada e apreciada, e nunca deixar-se virar suco. O eleitor precisa
estar sempre com vontade, desejando a presença do político.
Muitas vezes, a ausência acaba por impor respeito. As
pessoas acabam por temer perder o contato. Ao reaparecer, o político terá a
percepção clara de que sua ausência foi sentida e que sua presença é importante
ao eleitor. Pior seria se a ausência nem fosse percebida.
Portanto, administrar ausências e presenças é parte
integrante da vida política e requer muito cuidado, seja para não faltar como
para não sobrar. Feliz o político que consegue andar neste “fio de navalha”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário