O Vereador Minhoca - Parte 2

À pouco tempo escrevi um “causo” sob o título “O Vereador Minhoca” e o fiz publicar em um jornal local. Muita gente se divertiu, acharam graça e até pediram bis. Mas o “causo” deu um quiprocó que vocês nem imaginam.

Um vereador daqui da cidade julgou que o vereador minhoca do “causo” era ele e vejam só os absurdos que acontecem em nossa política. O tal vereador foi a Tribuna da Câmara exigir que o Ouvidor fosse convocado para comparecer na Câmara Municipal e explicar quem era o vereador minhoca. Seu pedido foi votado e aprovado e o Presidente da Câmara mandou editar a convocação.

Vejam, que o tal vereador que tanto se diz defensor do dinheiro público, não poupou o tempo e o trabalho, pagos com dinheiro público, para uma ação inócua. Inócua porque convocavam o funcionário municipal Ouvidor para responder por uma ação do cidadão Odair Picciolli. Inócua porque mostravam desconhecer o Art.37 da Constituição Federal que garante a todo cidadão o livre direito à expressão cultural e política. Inócua porque o tal “causo” não citava nenhuma cidade ou vereador especificamente. Retratava apenas o folclore da política brasileira.

Claro, o Ouvidor não compareceu e enviou ofício explicando o porque. Ponto !

Ponto, uma vírgula, o vereador ficou possesso. Foi a Tribuna exigir que o Presidente da Câmara convocasse um camburão da Polícia Militar e fosse buscar-me em casa. Claro que o Presidente da Câmara sabia que não havia base legal para isto e não o fez. Ponto !

Ponto, uma vírgula, novamente. O tal vereador não se conteve em sua ira e entrou com uma ação no Fórum pedindo que eu me explicasse se era ele o tal vereador minhoca. Mas uma vez, lá se foi um pouco de nosso dinheiro com perda de tempo de nossa justiça. Recebi a interpelação judicial e respondi com poucas linhas, citando a Constituição Federal em seu Artigo 37, minha liberdade de expressão, a inexistência de nomes no “causo”. Agora sim, ponto final. Ação encerrada.

Esta arenga toda é para dizer que, atendendo pedidos, estou voltando a escrever e dar seqüência àquele “causo” e a saga do tal vereador minhoca que a tanta gente agradou. Já vou avisando que não estou me referindo à Extrema e muito menos a qualquer vereador da cidade. Qualquer comparação será mera coincidência. Qualquer cidade deste imenso Brasil tem seu folclore político.

Então vamos lá ao meus viés “Jaboriano”. Com sua permissão mestre Arnaldo Jabor.

“Chega-me Notícias lá de Minhoqueiro do Sul ( este é o nome da fictícia cidade). Dizem que, desconfiada que o dono do minhoqueiro vai jogá-la aos peixes, a minhoca começou a espernear ( ops!! Minhoca não tem pernas), ou melhor a rebolar. Está num verdadeiro “rebolation”, sentindo a morte chegar. Agora deu de ralhar com tudo e com todos. Uma vez por semana, em seus poucos minutos de trabalho, dá o seu “showzinho”. Sobe ao palco do minhoqueiro e como pianista de uma nota só, bate sempre na mesma tecla. Dizer que tem pessoas na horta que não trabalham o dia todo e ganham muito bem. Mas esquece que ele próprio trabalha uma vez por semana, apenas alguns minutos e ganha todo mês mais de 3 mil “minhoquetas”, moeda local. Ainda por cima tem um assessor que ganha mais umas mil “minhoquetas” para não fazer nada., Claro, coitado, se o chefe não faz nada, o assessor faz muito menos. Como também esquece de dizer algo sobre o excesso de funcionários do minhoqueiro e seus altos salários.

Mas enquanto as outras minhocas trabalham a semana inteira tentando produzir um húmus de qualidade ele só comparece uma vez por semana, dá uma mexidinha na terra pra dizer que trabalha, embora apenas alguns minutos, e vai viajar. Ah, sim, porque ele não vive naquela horta. É sempre assim. Uma vez por semana, apenas alguns minutos, lá está ele a mostrar como desperdiçar energia e gastar o dinheiro da horta que tanto húmus espera daquele minhoqueiro.

Se você, caro minhoca leitor, gosta de política, tem vontade de ser vereador e, porque não, quem sabe um dia, ser prefeito, não perca tempo. Vá para Minhoqueiro do Sul, pois em terra de cobra-cega minhoca pode até ser rainha da horta.

Lá você poderá trabalhar apenas alguns minutos por semana, ganhar umas 3 mil minhoquetas por mês. Ainda poderá fazer algumas viagens para fazer nada em lugar nenhum e com as diárias somar mais minhoquetas ao seu já gordo salário, poderá nomear um amigo como assessor, que ganhará mais umas mil minhoquetas, e ainda fazer uso de uma tal “impunidade” parlamentar para ofender quem você quiser. E gastar todos os meses umas 5 mil minhoquetas da horta, 60 mil minhoquetas por ano,
240 mil minhoquetas no mandato.

Se você tem estas qualidades e este projeto de vida, Minhoqueiro do Sul te merece.
Será bem vindo em 2012 !